Etimologia
A
Pedra Moabita contém a referência mais antiga conhecida (840 AEC) ao Deus Israelita Yahweh.
Tanto a forma capitalizada do termo Deus quanto sua forma minúscula - que simboliza divindades, deidades em geral - têm origem no termo latino deus, significando divindade ou deidade. O português é a única língua românica neolatina que manteve o termo em sua forma nominativa original, com o final do substantivo em "us", diferindo-se assim do espanhol dios, francês dieu, italiano dio, e do romeno, que distingue o criador monoteísta, Dumnezeu, de zeu, um ser idolatrado. Os termos latinos Deus e divus, assim como o grego διϝος = "divino", descendem do Proto-Indo-Europeu *deiwos = "brilhante/celeste", termo esse encerrando a mesma raiz que Dyēus, a divindade principal do panteão indo-europeu, igualmente cognato do grego Ζευς (Zeus).[carece de fontes]
Na Antiguidade Clássica, o vocábulo em latim era uma referência generalizante a qualquer figura endeusada e adorada pelos pagãos. Em um mundo dominado pelas religiões abraâmicas, com destaque ao cristianismo, o termo é usado hodiernamente com sentido mais restrito - designando uma e a única deidade - em frases e slogans religiosos tais como: Deus sit vobiscum, variação de Dominus sit vobiscum, "o Senhor esteja convosco"; no título do hino litúrgico católico Te Deum, proveniente de Te Deum Laudamus, "A Vós, ó Deus, louvamos". Mesmo na expressão que advém da tragédia grega Deus ex machina, de Públio Virgílio, Dabit deus his quoque finem, que pode ser traduzida como "Deus trará um fim à isto", e no grito de guerra utilizado no Império Romano Tardio e no Império Bizantino, nobiscum deus, "Deus está conosco", assim como o grito das cruzadas Deus vult, que, em português, traduz-se por "assim quer Deus", ou "esta é a vontade de Deus", verifica-se tal sentido restrito.[carece de fontes]
Em latim, existiam as expressões interjectivas "O Deus meus" e "Mi Deus", delas derivando as expressões portuguesas "(Oh) meu Deus!", "(Ah) meu Deus!" e "Deus meu!". Dei é uma das formas flexionadas ou declinadas de "Deus" no latim. É usada em expressões utilizadas pelo Vaticano, como as organizações católicas apostólicas romanas Opus Dei (Obra de Deus, sendo obra oriunda de opera), Agnus Dei (Cordeiro de Deus) e
Dei Gratia (Pela Graça de Deus). Geralmente trata-se do caso genitivo ("de Deus"), mas é também a forma plural primária adicionada à variante di. Existe o outro plural, dii, e a forma feminina deae ("deusas").[carece de fontes]
A palavra Deus, através da forma declinada Dei, é a raiz de deísmo, panteísmo, panenteísmo, e politeísmo, e ironicamente referem-se todas a teorias na qual qualquer figura divina é ausente na intervenção da vida humana. Essa circunstância curiosa originou-se do uso de "deísmo" nos séculos XVII e XVIII como forma contrastante do prevalecente "teísmo". Teísmo é a crença em um Deus providente e interferente. Seguidores dessas teorias, e ocasionalmente seguidores do panteísmo, podem vir a usar, em variadas línguas, especialmente no inglês, o termo "Deus" ou a expressão "o Deus" (the God), para deixar claro de que a entidade discutida não trata-se de um Deus teísta. Arthur C. Clarke usou-o em seu romance futurista, 3001: The Final Odyssey. Nele, o termo "Deus" substituiu "God" no longínquo século XXXI, pois "God" veio a ser associado com fanatismo religioso. A visão religiosa que prevalece em seu mundo fictício é o deísmo. São Jerônimo traduziu a palavra hebraica Elohim (אֱלוֹהִים, אלהים) para o latim como Deus.[carece de fontes]
A palavra pode assumir conotações negativas em algumas conotações. Na filosofia cartesiana, a expressão Deus deceptor é usada para discutir a possibilidade de um "Deus malévolo" que procura iludir-nos. Esse personagem tem relação com um argumento cético que questiona até onde um demônio ou espírito mau teria êxito na tentativa de impedir ou subverter o nosso conhecimento. Outra é deus otiosus ("Deus ocioso"), um conceito teológico para descrever a crença num Deus criador que se distancia do mundo e não se envolve em seu funcionamento diário. Um conceito similar é deus absconditus ("Deus absconso ou escondido") de São Tomás de Aquino. Ambas referem-se a uma divindade cuja existência não é prontamente reconhecida nem através de contemplação nem via exame ocular de ações divinas in loco. O conceito de deus otiosus frequentemente sugere um Deus que extenuou-se da ingerência que tinha neste mundo e que foi substituído por deuses mais jovens e ativos que efetivamente se envolvem, enquanto deus absconditus sugere um Deus que conscientemente abandonou este mundo para ocultar-se alhures.[carece de fontes]
A forma mais antiga de escrita da palavra germânica gott vem do Codex Argenteus cristão do século VI. A própria palavra inglesa "God" é derivada da Proto-Germânica "ǥuđan". A maioria dos linguistas concordam que a forma reconstruída da Proto-Indo-Europeia (ǵhu-tó-m) foi baseada na raiz (ǵhau(ə)-), que significa também "chamar" ou "invocar".[9]
A forma capitalizada deus foi primeiramente usada na tradução gótica Wulfila do Novo Testamento, para representar o grego "Theos". Na língua inglesa, a capitalização continua a representar uma distinção entre o "God" monoteísta e os "gods" do politeísmo.[10] Apesar das diferenças significativas entre religiões como o cristianismo, islamismo, hinduísmo, a fé bahá'í e o judaísmo, o termo "God" permanece como uma tradução inglesa comum a todas. O nome pode significar deidades monoteísticas relacionadas ou similares, como no monoteísmo primitivo de Aquenáton e Zoroastrismo.[carece de fontes]
Nomes
Há muitos nomes para Deus e nomes diferentes são anexados a diferentes ideias culturais sobre sua identidade e atributos. No Egito Antigo, o atonismo, possivelmente a primeira religião monoteísta registrada, esta deidade se chamava Aton,[11] com base em ser o verdadeiro Ser Supremo e o criador do universo.[12]
Na Bíblia hebraica e no judaísmo, "Ele que é", "Eu Sou o Eu Sou", e o tetragrama YHWH (em hebraico: יהוה, que significa: "Eu sou quem eu sou", "Ele que existe") são usado como nomes de Deus, enquanto Yahweh e Jeová às vezes são usados no cristianismo como vocalizações de YHWH. Na doutrina cristã da Trindade, Deus, consubstancial em três pessoas, é chamado de Pai, Filho e Espírito Santo. No judaísmo, é comum se referir a Deus pelos nomes Elohim ou Adonai, o último dos quais é acreditado por alguns estudiosos como originário do Aten egípcio.[13][14][15][16][17]
No Islã, o nome Alá é usado, apesar dos muçulmanos também terem vários nomes para Deus. No hinduísmo, Brâman é muitas vezes considerado um conceito monista de Deus.[18]
Na religião tradicional chinesa, Deus é concebido como o progenitor (primeiro antepassado) do universo, intrínseco e constantemente ordenando. Outras religiões têm nomes para Deus, por exemplo, Baha na Fé Bahá'í,[19]
Waheguru no sikhismo,[20] e Aúra-Masda no zoroastrismo.[21]